Falar de Música é falar da expressão artística mais abstrata. Não se cinge a combinar sons apenas com o objectivo redutor de obter prazer estético. É também um recurso que exprime sentimentos, ideologias, valores e ideias. Através da Música, o Homem consegue comunicar consigo próprio e relacionar-se com o mundo que o rodeia.
Sempre que o Homem possui aptidões artísticas (sejam elas musicais ou não) ele tende a aproximar-se da sua essência; podemos por isso falar de uma auto-realização.
Fazer música pela música, pelo simples prazer de fazer música.
Quando assim é, o Homem utiliza a música como instrumento de purgação, de catarse até. A Música torna-se um recurso de maturação intelectual e emocional: o sujeito cresce nternamente como pessoa.
Neste seguimento, podemos falar de Música como um recurso terapêutico, parceiro do bem-estar físico e emocional do ouvinte. Pode funcionar, inclusivamente, como um recurso auxiliar da medicina (musicoterapia) e pode também actuar como um elemento de socialização do Homem, que o devolve à sociedade onde pertence.
A Música é uma linguagem (universal, como se costuma dizer) assente em regras, normas e princípios, com uma determinada sintaxe que induzem a um determinado objectivo. Quando combinadas, nas mais variadas formas, possuem a capacidade (ou deveriam possuir) de causar um determinado efeito no ouvinte:
- Porque pertence a uma realidade temporal, não-verbal e não-simbólica;
- Porque possui características psicológicas (o som é uma experiência subjectiva);
- Porque possui características oníricas (onde a fantasia e a realidade se podem misturar) e que brotam do mais profundo do nosso psiquismo.
A Música, ao movimentar-se dentro do nosso eu, pode extrapolar todas as fronteiras do seu efeito objectivo e subjectivo e alterar a nossa concepção de tempo e espaço, obrigando o ujeito a sentir-se mais intensamente a si mesmo. Desta forma, a Música pode evocar, rojectar, associar e integrar experiências. Obviamente, que necessitamos sempre de uma rganização lógica de todas estas ideias e experiências. É por isso que, no universo da Música, Razão convive de mãos dadas com a emoção e com a intuição. Não se pode dissociar.
A Música é uma organização mental que impõe essa organização à percepção do ouvinte. Esta estrutura é dotada de características relacionadas com a sensibilidade. O ouvinte é conduzido num movimento afectivo.
Ainda que se pretenda alcançar um certo de tipo de objectividade musical, não é possível dar um significado verbal a uma obra musical.
Não conseguimos dizer qual é o significado de uma música. No entanto, a linguagem musical possui um certo tipo de elasticidade que garante a individualidade de quem a percepciona.
Sendo assim, aconceitualidade é uma característica psicológica da Música que garante o comprometimento do nosso eu quando, através dela, o osso lado afectivo e energético é estimulado.
Através dos seus elementos constitutivos como o ritmo, a melodia, a harmonia e o timbre (através da duração, altura, intensidade e densidade), a Música induz à nossa actividade motora, intelectual e afectiva.
Afirmamos, portanto, como pedagogos, educadores ou simplesmente pais, o nosso interesse em relação à disciplina musical tentando perceber a relevância da formação musical e de que forma ela pode ter um papel decisivo na formação afectiva e psicológica do nosso bebé, criança, adolescente e eternamente, filho.